Durante toda a minha experiência na educação, principalmente nos anos iniciais, tenho algumas considerações a fazer que são pertinentes quando o assunto é o diagnóstico de dislexia.
Regularmente, durante conversas com os pais ou responsáveis sobre os problemas na aprendizagem e/ou possíveis transtornos, é relatado que alguém da família havia apresentado em algum momento dificuldade também, as vezes parecida ou igual, durante o período da alfabetização, logo, na escrita e na leitura, inclusive relatos de abandono nos estudos por parte destes.
Isso reforça a ideia de que pessoas com ancestrais que não tiveram constantemente reforço na linguagem alfabética (leitura e escrita) ou ainda, viveram num sistema de linguagem ideográfica, por exemplo, não tiveram o mesmo desenvolvimento cerebral. A linguagem ideográfica tem uma relação entre o símbolo e aquilo que ele representa, carregando em si uma ideia que facilita a conexão e compreensão. Diferente da linguagem alfabética que é representada por símbolos que quando se juntam formam palavras e nomes dados aos objetos, sem nenhuma relação.
O cérebro vai se desenvolvendo e se aperfeiçoando conforme as necessidades que o ambiente impõe. Se o ambiente exige tal compreensão de símbolos para compor uma palavra, fatalmente o cérebro irá habilitar essa compreensão.
Geralmente, as pessoas que apresentam dislexia, e nenhuma outra comorbidade, não tem nenhum problema cognitivo, nem de compreensão e nem de interpretação, apresentando em alguns casos desempenho acima da média.
A não compreensão da linguagem alfabética (escrita e leitura) não está relacionada com inteligência e, sim, com a dislexia que é um transtorno genético e que, infelizmente, não existe exame que comprove 100% seu diagnóstico, porque a tecnologia existente é insuficiente para identificar a sutileza do funcionamento do nosso cérebro.
Portanto, a dislexia se apresenta no nosso cérebro, especificamente na área da linguagem. É algo que diz respeito à leitura e interpretação de símbolos. No entanto, isso não quer dizer que a pessoa que tem essa dificuldade não terá competências de raciocínio lógico matemático por exemplo, tanto que a partir do momento que essas pessoas têm oportunidade de ser avaliadas oralmente, apresentam resultados acima do esperado.